
Photo de Zachariah Hagy no Unsplash
Você já parou para pensar no turbilhão de movimentos que o vinho precisa fazer para chegar até copo antes de consumirmos? E nem estou falando de todo o processo de fabricação e de logística, apenas do curto espaço de tempo, entre abrir a garrafa e despejar uma pequena quantidade do líquido em nossos copos.
Aquele turbilhão de movimentos, e de ondas com se fossem o mar, em um espaço físico e temporal tão microscópio. A imagem me lembra dos pensamentos que temos conosco, daqueles que surgem e demoram para desaparecer.
Às vezes, eles são despejados e ficam revoltosos, rabugentos como um gigante adamastor. Chegamos a pensar que são impossíveis de serem domados até que sem perceber surge a calmaria.
O vinho repousa na taça e podemos então apreciar o seu cheiro, a testura, o seu sabor e depois de algumas taças, os seus efeitos.

Foto de Aliis Sinisalu no Unsplash
Às vezes parece que tudo é tão intenso e imutável, mas cada coisa tem o seu tempo. Assim assim como o vinho precisa repousar e respirar para ser apreciado, nossos pensamentos também precisam de um tempo para se acalmarem e se acomodar.
Parece tudo sem sentido né? Mas eu estava assim há pouco, com aquela avalanche de ideias trafegando em minha mente, como no trânsito indiano. Então abri um vinho, servi a taça e respirei. Assim com o vinho que se recompunha na taça, minha mente se acalmava e as coisas começaram a fazer sentido.
Mas tudo pode ser apenas os primeiros sintomas de uma embriaguez.
No momento, pouco importa se é embriaguez ou sensatez. O que importa é que aquele turbilhão de emoções e sentimentos se acomodaram, cada um em seu lugar e tudo parece fazer sentido. É que parei respirei, refleti sobre o que me incomodava e encontrei uma paz interna, mesmo sem resolver os problemas.
E sei que não vou conseguir resolver hoje. O que posso fazer no momento é criar um turbilhão de ondas na minha taça, observar a medida que sirvo um pouco mais de vinho e desfrutar do prazer de apreciar um vinho.