Viajar é algo significativo para mim. É um contato com a minha natureza. Sabe aquela coisa que você adora fazer, mas que nem sempre faz e quando para pensar não sabe porque não faz mais.
Tem gente que diz que adora ler, mas não lê. Outros adoram jogar futebol, mas quase nunca jogam. Para mim é viajar. Posso dizer que a razão para não viajar mais tem a ver com o custo, mas nem é a principal razão.
Não pego muito a estrada porque tem sempre alguma correria. Um trabalho para fazer, uma aula para preparar.
Mas domingo a tarde foi diferente. Logo depois do almoço, quando a preguiça e o tédio vieram fazer companhia pedindo para não fazer nada, o sol veio com uma outra proposta.
O dia lá fora estava tão lindo. Um sol vibrante convidando que nos aventurasse para o lado de fora. Sem dinheiro para fazer uma viagem ou ir a algum lugar especial, a minha esposa e eu resolvemos apenas pegar a estrada, mesmo com o valor alto da gasolina.
Em dias ensolarados, geralmente vamos até o Parque da Redenção ou na Orla do Gasômetro, ambos em Porto Alegre. Neste dia, porém, ao invés de seguirmos para a esquerda na BR, resolvemos ir para a direita, em direção a serra gaúcha, mas sem um destino pré-determinado.
Foi bom ter pego a estrada.
Assim como tínhamos ganhado a estrada, a divagação estava presente. O pensamento girou sobre as viagens e a constatação de como é bom viajar.
Viajar é uma satisfação, é um prazer esquecido.
A estrada me provoca emoções tão distintas, sempre uma oportunidade para rever o passado e trazer a tona coisas que já não lembrava, inclusive o prazer de viajar.
E a divagação inicial desse texto tornou-se real em forma de pergunta: por que não viajo mais?
Há lugares próximos, tantos lugares para serem explorados, mas inventamos uma série de desculpas.
Nesta tarde, entramos em Ivoti, mas seguimos um pouco mais até um local que não conhecíamos. Um feira japonesa. Uma surpresa.
A serra gaúcha é conhecida pela imigração alemã, italiana e polonesa. Desconhecia o fato de que no passado tivemos imigrantes japoneses. Vieram para cá depois da segunda guerra, em busca de uma nova vida.
Viajar é sempre uma busca. Busca pelo novo, por um lugar a ser explorado ou simplesmente uma nova maneira de nos conhecermos.
De repente, surgiu uma alegria simplesmente por ter pego a estrada e ter me permitido sair de casa e aprendido algo novo.
E a promessa de repetir isso mais vezes.