Tem dias em que bate uma tristeza na gente. Estamos tranquilos em nosso canto, quietos, estático sem fazer nada, de repente vem um clique, um pensamento e pronto…
Somos invadidos por um sentimento ruim, aquela sensação de dor no peito, como se as paredes da alma esmagassem a carne, os órgãos, os ossos. Até que persista apenas uma coisa, talvez o coração ainda batendo no meio disso tudo.
E ele como se tivesse um último zumbido de esperança, faz ecoar um grito. A sensação da garganta apertada, os olhos caídos enchendo, transbordando algo. É o choro que vem…
As lágrimas. Esforçou-me para impedi-las. Não é certo chorar em lugar público. Não é aceitável. Se há algum lugar, onde-se pode lagrimejar é em casa, escondido, quando as luzes estão apagadas, quando não há ninguém por perto. Mas não estou em casa.
Seguro aquelas lágrimas, aquele choro, faço força, aperto as minhas mãos agressivamente no corrimão do ônibus ou no livro que seguro, como se esse aperto fosse trancar esse espasmo; impedir essa fagulha que sai de mim. É a materialização de tanta dor, que nem mesmo o corpo suporta mais o peso da alma.
Se ao menos tivesse uma mão amiga para segurar, ao invés de um objeto morto; se ao menos alguém se importasse com a dor que tem aqui dentro, mas ninguém sabe por que antes de encarar a todos, lavo o rosto, abro os olhos e finjo um sorriso como se nada tivesse acontecido.
Levanta cabeça uma voz me diz; chorar é para os fracos. Sim deve ser para os fracos, pois não tenho forças para lutar contra essa tristeza, mesmo quando choro no escuro na esperança em que as lágrimas levem consigo a tristeza da alma, o aperto no corpo continua lá.
No fundo, eu sei que é preciso continuar, seguir em frente; é preciso resistir para que o novo dia chegue.
Queria poder acabar com tudo isso, mas não cabe a mim não tenho o direito nem o poder de terminar com essa dor que me atormenta.
Que espécie de ser humano que não tem liberdade sobre si? Que não tem liberdade sobre suas vontades? Que espécie de ser que sou que preciso esconder se no escuro da noite a tristeza que sente? Que pessoa é essa que precisa esconder quem é, aniquilar seus e sonhos ?
Eu não quero, mas preciso resistir a essa ideia de desistir de tudo.
Mesmo sem esperança é preciso resistir, manter-se ereto, forte. Não como uma barreira que impede a passagem d’água, mas como as raízes de uma árvore que resiste a força da correnteza. Eu repito: é preciso resistir e quem sabe encontrar uma mão para não desistir sozinho; é preciso resistir até que a esperança preencha esse vazio e expulse a tristeza de mim.