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Living on one dollar – Um pouco da miséria no mundo

Living on One Dollar

Você já se imaginou vivendo com menos de um dólar por dia? Saiba que há milhões de pessoas que vivem nessa realidade. Living on one dollar é um documentário sobre o cotidiano de algumas dessas pessoas.

O critério para considerar pobres extremos e pobres moderado é feito com base em métrica que estabelece o ganho diário. Quem ganha até um dólar por dia esta na categoria de pobreza extrema. Para aqueles que ganham entre um e dois dólares são classificados como pobre moderado.

No Brasil é considerado a linha de pobreza aqueles que vivem com uma renda familiar per capita de até R$ 230,00 por mês. Segundo os dados da FGV Social, em 2015 cerca de 11,2% dos brasileiros, em números absolutos, são de 22 milhões de pessoas vivem nessa realidade.

As estimativas para 2017 não são nem um pouco favoráveis. O último relatório divulgado pelo Banco Mundial mostra que o Brasil terá mais 3,6 milhões de novos pobres.

No mundo estima-se que mais de 1,1 bilhão de pessoas vivam em condições de miséria extrema. Além do fato de ganharem U$ 1 ou menos por dias, as pessoas que vivem nessas condições não tem recursos básicos, como água potável.

Uma pergunta que me ocorre é: como essas pessoas conseguem sobreviver?

Bem, essa também era a dúvida de dois jovens americanos. E para responder a essa pergunta eles decidiram fazer o documentário Living on one dollar.

Living on one dollar – A proposta do documentário

Living on One Dollar

Divulgação: Living on One Dollar

Chris e Zack são dois estudantes americanos que se perguntavam como as pessoas conseguiam viver com U$ dólar por dia. Porém, o objetivo não era entender com base em dados e artigos acadêmicos. Eles queria ver de perto a realidade dessas pessoas e sentir como era viver nessa realidade.

Os dois estudantes convenceram mais dois amigos para filmarem as entrevistas e fazerem um documentário a respeito. One dollar living mostra a experiência e a convivência que eles tiveram vivendo por oito semanas em Peña, na Guatemala, com um dólar por dia cada.

A produção é simples, mas compensa com uma boa edição. E, consegue fazer com que o telespectador se coloque no lugar de quem esta vivendo nessas condições. Apresenta a realidade dos jovens, ao longo dessas semanas e um pouco da vidas das pessoas da comunidade de Peña.

Vamos conhecendo algumas histórias dessas pessoas, e da força que elas tem. Dos seus sonhos, sonhos em mudar de vida, de estudar, de ter uma vida melhor.

Não há uma fotografia que embeleze a miséria e a pobreza. Se há alguma beleza no relato, essa beleza é das próprias pessoas e de suas vidas. Não espere encontrar uma estética da miséria, como muitos fotógrafos fazem. Não há nada de belo na situação em que elas vivem, mas há algo especial nessas histórias. Na força dessas pessoas, que mesmo nessas condições lutam e cultivam a esperança.

O documentário é curto e não traz muitos dados econômicos. Seria bem mais ilustrativo e informativo trazer esses números para entendermos a dimensão do problema. E também apresentar iniciativas que estão sendo feitas ao redor do mundo para minimizar ou resolver o problema da miséria.

Uma solução possível

A respeito de soluções, há apenas uma menção sobre iniciativas em inserir dinheiro em comunidades pequenas. Sem citar fontes, o filme informa que tais soluções são paliativas e não resolve o problema em si. Aliás, não parece haver uma solução, uma única solução.

O caminho aponta para uma solução sustentável que permitia a comunidade crescer em conjunto. Talvez, em casos como o de Peña, inserir dinheiro em uma comunidade local para que eles mesmo produzam possa trazer resultado a longo prazo.

Esse é dos caminhos encontrados para que isso seja possível e apresentados em Living on one dollar: o acesso a crédito. Mas não em um banco tradicional, no qual é exigido uma série de documentos. Muitos desses documentos nem são possíveis. Como alguém poderá comprovar rendar sem ter uma renda formal ou como apresentar uma conta de luz ou água se não tem esses serviços em suas casas.

Living on One Dollar - Rosa

Rosa – Com um empréstimo de $200, pode iniciar seu próprio negócio e voltar a estudar

A alternativa são os bancos de microcréditos, nos quais as exigências são menores e permitem o acesso ao crédito. E um valor de empréstimo de U$ 200,00 pode gerar a criação de um negócio e o aumento de renda para essas pessoas. É uma oportunidade para que se possa gerar rendar a partir do empréstimo e melhorar suas vidas.

A pobreza é o problema e não os pobres

Muitas ideias envolvendo a pobreza se propagam ao pensar que o pobre não quer trabalhar ou que não tem força de vontade. Ou que se quisesse mudar de vida poderia. A realidade de muitas pessoas é bem diferente. Embora queiram mudar de vida, simplesmente não tem acesso as oportunidades que deveriam ter.

No Brasil, por exemplo, o polêmico Bolsa Família que tinha ajudado a diminuir o índice de pobreza até 2010. Mesmo sendo visto como um programa assistencialista vinha melhorando nossos números.

Ao deparar com a realidade de miséria de milhões de brasileiros, eu não tenho o sentimento de injustiça pela ajuda que essas pessoas ganham do governo. É uma maneira paliativa, que não resolve a situação, mas colabora para que isso seja possível. É um longo caminho a ser construído.

Se por um lado, Living on one dollar peca em termos de pesquisa prévia, ele tem o mérito de nos apresentar uma experimentação etnográfica. E faz um bom trabalho, em nos levar a conhecer um pouco da realidade de pessoas que vivem com tão pouco.

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