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O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz

Aaron Swartz

O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz (The Internet’s Own Boy: The Story of Aaron Swartz) é um documentário, como o nome já diz, que trata da vida de Aaron Swartz. Mas vai um pouco além, a narrativa aproveita a história de Aaron para tratar também de outros assuntos, como a fragilidade dos sistemas judiciários e democráticos.

É um retrato feliz e infeliz desse período em que vivemos.

As lentes nos levam a conhecer quem foi Arron Swartz. Um garoto que desde sua infância era curioso, inteligente e criativo. Swartz fez parte do grupo que ajudou a construir o RSS e o Reeddit. Ele tinha um sonho no qual acreditava que todos nós deveríamos ter a informação de forma gratuita.

O documentário é de certa maneira dividido em duas partes, a primeira em contar quem é Aaron Swartz e a segunda envolvendo o processo legal.

O filme segue uma narrativa cronológica, mas positivamente construída por meio de recortes o que nos permite ver e apreciar os diferentes projetos e investidas de Aaron, ao mesmo tempo que entendemos como se deu o seu polêmico processo. Esses retalhos vão mostrando e construindo uma Aaron à medida que a narrativa avança e percebemos que não se trata apenas de um discurso vazio.

Talvez uma das maiores contribuições de seu legado não esteja vinculado a tecnologia em si, mas no direito de podermos usarmos livremente a internet e as informações contidas nela e as consequências disso em sua vida.

A experiência de Aaron Swartz no mundo corporativo

Em determinado momento, Aaron recebe um convite para trabalhar em uma corporação, mas após algum tempo na empresa ele pede demissão. Percebe que não quer trabalhar para uma multinacional ganhando um bom salário e benefícios por isso. Nesse momento ele já tinha dinheiro suficiente para se sustentar e acreditar que deveria fazer algo maior.

É bem significativo esse acontecimento, pois é um rompimento com um série de valores aceitos e uma escolha difícil. Aprendemos que um cidadão de bem é aquele casado, com casa própria, carro e um trabalho respeitável.

Aaron Swartz não rompe com esses valores sociais, mas ele não se deixar levar essa névoa do que seria o certo. É a partir daí, dessa ousadia e coragem em que ao mesmo tempo, em que Aaron sem associa a grandes nomes da tecnologia, como Bill Gates e Steve Jobs ele também se distância.

Seu desejo não é de criar produtos inovadores para resolver um ou outro problema das pessoas ou da sociedade, mas contribuir para criar uma nova sociedade.

Esse é o tipo de pessoa que o documentário nos apresenta. Um Aaron com coragem e muita ousadia. Alguém que via oportunidades, mas mais do que oportunidades um caminho para que as coisas aconteçam de maneira diferente.

Um convite a refletir sobre nossas instituições

Aaron Swartz

Foto de Noah Berger

Nesses retalhos vamos descobrindo e percebendo como cada vez mais ele se tornava um ativista em prol da internet. Nada de terrorista.

Uso a palavra (ativista) com muita cautela, pois as palavras ativista ou manifestante, desde as manifestações de 2013, tem recebido uma conotação mais pejorativa do que realmente são. E não raro associamos aqui (Brasil) ou nos EUA essas palavras a um ato terrorista. Como se lutar pelos nossos direitos fosse um crime.

Esse é um outro aspecto do documentário: nos leva a refletir sobre as instituições e os valores de nossa sociedade.

A democracia é defendida por muitos como um conceito que se perdeu. O que vivemos hoje, esta muito além do que deveria ser e quando alguém se opõem, o próprio sistema se encarrega de mostrar que essa pessoa é criminosa e trata de excluí-la. Ao longo do documentário, esses conceitos são construídos e nos fazem um convite a reflexão. Reflexões que foram muito bem trabalhadas e explicadas em outros documentários, como Requiem for the American Dream.

Trata-se de documentários americanos, mas mesmo no Brasil podemos perceber as mesmas consequências dessas instituições cada vez mais corrompidas.

E essa discussão ganha mais força, quando um processo contra Aaron é instaurado.

O processo contra Aaron Swartz

Aaron é flagrado ao fazer download de artigos científicos do MIT e a partir daí, o FBI passa a construir um caso contra ele. Nesse ponto, por mais isento que eu tentei, já estava demais envolvido na narrativa e o que se segue é uma série de acontecimentos que fazem com que, no mínimo, se questione o processo instaurado.

Percebemos por exemplo, como nossas leis são modificadas ou interpretadas ao benefícios de alguns e, inocentemente a maioria de nós acha que as coisas vão melhorar. Até determinado ponto Aaron é essa chama de esperança, mas ela vai se apagando.

A possibilidade de ver seus sonhos destruídos. Há pessoas que conseguem viver sem os seus sonhos, mas para o menino da internet isso não era uma possibilidade.

O sofrimento ocasionado por essa possibilidade fazem com que a depressão passe a ganhar força em sua vida. Uma depressão causada não pela ausência da família ou de amigos, mas pela dor de ver eles sofrendo por isso também.

Para finalizar

Por meio da história de Aaron, aprendemos sobre a sua infância, sua genialidade. Sobre sua vontade em ajudar o mundo, ao colocar sua inteligência favor dos outros. Mas também vamos refletindo sobre muito dos problemas de nossa épocas. Problemas sociais, democráticos, econômicos e legais. Uma frase do filme resume bem isso: “Estamos vivendo uma época em que grandes injustiças não sofrem consequências”

Ao terminar de assistir ao documentário, eu me senti triste como se nada valesse a pena, porque fiquei com esse sentimento de injustiça no ar, com um questionamento em entender por que é tão difícil fazer o mundo um lugar mais justo.

Porém, essa tristeza foi dando lugar para um outro sentimento, o da esperança. Ao decorrer de mais de 100 minutos assistimos um retrato da história recente da internet. Na qual, Aaron faz parte ativamente, usando seu potencial para realmente tornar o mundo um lugar melhor.

O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz é um documentário inspirador para pensarmos em como podemos contribuir para cuidar e melhorar o mundo em que vivemos.

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